I love you, I love you, I love you, What’s your name?

Posted: segunda-feira, 26 de dezembro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , ,
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você disse: “eu amo você”
você disse isso
você disse isso pra mim
você disso isso para ela e para ela também
e você repetiu isso para ela

você disse para ela: “Ohhh, sweet child o’mine”!
era verdade,
ou você apenas aprendeu a repetir essa frase?

você disse: “eu te amo”
e aí minha pele sentiu o seu amor
foi um beliscão e tanto, aquele
você achou que estava fazendo o necessário para mim

você chegou em casa
mais uma noite
sua boca estava adornada
(e com certeza assim também havia sido pouco antes)
e você tirava o adorno, para transformá-la em uma chaminé
onde estava o seu volante?
quem dormiu na sua direção?
você estava sem controle
não tinha como me enganar: aquilo não era água
eu já ia dormir,
mas tragicamente, ela ainda estaria acordada
o que tinha de errado com seus olhos?
você via tudo vermelho
ela com certeza não era toureira.

e aí você foi embora
você continuava dizendo: “eu te amo”
fóruns e juízes
”eu te amo”
eu me interessava pelo que você tinha
”eu te amo”
você teve que ir de novo
e bem depois eu ia lá algumas vezes
e você disse para ela: “eu não quero ver você nem pintada de ouro”
e eu parei de ir lá, pq você mais uma vez teve que ir
(acredite: eu lhe te entendi nas duas vezes que você foi)

eu nem te vejo mais
eu nem me importo mais
eu estou aqui
e você disse: “eu te amo”
e você continua dizendo: “eu te amo”.

Depois

Posted: terça-feira, 6 de dezembro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , ,
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O que você vai fazer quando não mais precisar fechar os olhos?
O que você vai fazer quando puder migrar junto com os pássaros?
O que você vai fazer quando seu cérebro entender que nada doi?
O que você vai fazer quando puder ter tudo?
O que você vai fazer?
Qual o próximo passo?
Para onde você vai, depois de percorrer todas as estradas?
Com quem você vai conversar, quando já tiver conhecido o mundo todo?
O que você vai fotografar, quando já tiver ido a todos os ponto turísticos?
Do que você vai rir, quando já tiver ouvido todas as piadas?
O que você vai fazer?
O que vai querer depois?
O que vai tentar depois?

O Retorno

Posted: quarta-feira, 16 de novembro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: ,
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Fim de tarde. Hora de retornar ao lar. Hora de ter o tão esperado descanso.
Um ônibus nem tão lotado, onde todos conversam, e eu fico em silêncio. Eu fico em silêncio com a cara na janela, olhando a vegetação arruinada; olhando pro nada, sem procurar por alguma coisa; sem procurar alguém conhecido nas poucas casas que aparecem no caminho.
E há tantas luzes, muitas luzes. Já escureceu. E para esse momento servem as luzes: para iluminar a cidade que se também começa a se recolher aos seus lares - claro que nem toda a cidade: essa ainda vai ferver por alguma horas. No alto de algum lugar, vendo as várias luzes da cidade. E como elas brilham! Um grande cobertor dourado. Eu não vejo nada ou ninguém, só aquele ouro brilhante, revelando toda a noite; iluminando toda um fim de dia.
E ainda nos últimos resquícios de pôr-do-sol, uma estrela brota como uma espinha no céu - tão chamativa! Ela provavelmente não me leva a lugar algum; ela com certeza não indica o caminho da salvação da humanidade, mas ela sempre estará ali. O que não quer dizer que isso signifique alguma coisa. Ela apenas está ali, como todas as outras estrelas, brilhando, até o dia da sua morte, até o dia da escuridão.
E todos os dias esse cobertor estará brilhando a ouro; todos os dias aquela "espinha brilhante" estará lá no céu; e todos os dias eu voltarei para casa, com a cabeça recostada na janela de vidro do ônibus, vendo todo esse cenário.

Na madrugada

Posted: quarta-feira, 26 de outubro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas:
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Eu não quero travesseiros
Para compartilhar meus desejos
Eu nem sei pra onde vou
Mas eu não estou nem aí
Eu nem quero dormir
Eu até preciso dormir
Mas a noite grita
Pena que eu não posso responder com uivos
A festa está apenas nos meus ouvidos
E eu nem quero saber de tormentos
Eu estou lá no alto
E a casa cheia de ratos
Ou não
Pra que eu vou pra frente do espelho?
Deixe essa barba crescer
São os outros que têm que entender

Essa é a minha poesia medíocre da madrugada
Se quiser, chamem a brigada
Porque eu não estou nem aí!

Amazônia e internacionalização

Posted: segunda-feira, 24 de outubro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: ,
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Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos,o ex-governador do DF, ex-ministro da educação e atual senador CRISTÓVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.
O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um brasileiro.
Esta foi a resposta do Sr.Cristóvam Buarque:


De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro.O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço."
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês,decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!

A arte do silêncio

Posted: quinta-feira, 13 de outubro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , ,
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Pra mim, a voz representa a liberdade, sério mesmo. Uma pessoa sem voz é presa de outra com voz. A linguagem deve ter sido um dos primeiros passos para a autonomia. E autonomia está diretamente relacionada com liberdade, mas isso é outra história.
Mas, como disso alguém cujo nome não lembro, "a sua liberdade termina quando a do outro começa". Acredito nessa frase e a considero bastante significativa. Todos têm, ou pelo menos deveriam ter, o direito de falar, de se expressar, de se comunicar da maneira que achar melhor. Portanto, quando um fala, o(s) outros(s) deve(m) parar para ouvir.
Mas, o que eu tenho para falar não tem a ver diretamente com liberdade, repressão, ou coisas do gênero. Estou para falar do silêncio. Sim, o silêncio, uma arte sublime de expressão tão rara nesses dias em que todos querem falar ao mesmo tempo. Parece que não há mais tempo para ouvir atentamente aos próprios pensamentos. Abrir a boca é o mais importante, mesmo que saia algo totalmente desimportante. E todo mundo querendo falar ao mesmo tempo só pode resultar em uma coisa: cacofonia.
Qual a importância do silêncio? Imagine um concerto de uma orquestra e duas pessoas decidem conversar entre si em alto tom? Adeus concerto! Atrapalharia todo o clima todo o clima da apreciação musical. Imagine em uma prova, um aluno decide conversar. É por essas e inúmeras outras situações que o silêncio é importante. E não me refiro à ausência total de som, mas sim a parar para ouvir. É aquela coisa da sua liberdade liberdade acabar quando a do outro começar. Há quem opte usar a sua liberdade de forma silenciosa; mesmo assim, devemos parar para ouvir o silêncio.

Vamos todos nos unir por um mundo livre e mais silencioso!

Dinheiro: solução e problema

Posted: sexta-feira, 7 de outubro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , ,
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Já assistiu a um telejornal, de qualquer emissora, especialmente à noite? Se você é uma pessoa "sensata", provavelmente sim. E qual o tema que domina nesse veículo de comunicação de informação tão importante? A crise financeira mundial. Está em todo canto, pois é um problema muito grande que as "grandes potências" mundiais estão enfrentando, e que parece ser impossível de se resolver.
Antes que você pense que vim aqui para expor alguma "solução miraculosa", engana-se: eu não entendo nada disso; esses números para mim não fazem sentido algum; são coisas complicadas demais para eu entender; e eu não tenho saco para economia. Sei que esse "descaso" é algo ruim para mundo, pois mantêm o controle dos bancos mundiais, FMIs e o escambau, mas falemos sério: quem têm paciência de lidar com todas aquelas contas? Ninguém, eu imagino. Quem trabalha com isso deve enfrentar muitos problemas mentais - na verdade, já está com um pelo simples fato de querer trabalhar com isso -, pois é enlouquecedor todos os dias pessoas quebrarem suas cabeças com cotações monetárias, transações bancárias e etc. Estão vendo, eu sei tão pouco sobre finanças que não sei nem o que faz o pessoal que trabalha com isso.
Falam-se em juros, inflação, controle de gastos; e eu, alheio a tudo isso, tentando aproveitar o pouco de sanidade que me resta.
Aí, vendo isso, pensei em uma coisa. O dinheiro foi criado há muito tempo pelo homem para facilitar o comércio realizado. Como? Por incrível que pareça, é bastante simples de se entender. Na época, as pessoas adquiriam coisas trocando outras. Você trocava uma quantidade de arroz por uma quantidade de feijão. No entanto, havia uma coisa que tornava tudo mais complicado: quantos quilos de arroz "custavam" um quilo de feijão? Quantas galinhas eram necessárias trocar para se conseguir um porco? Ou seja, era muito complicado determinar um valor para as coisas. Aí veio o dinheiro, uma unidade que quantizava especificamente o valor de algum coisa, tornando o comércio mais fácil e mais rápido. Uma das maiores invenções, sem dúvida.
Mais aí, aconteceu alguma coisa, que eu não faço ideia do que seja, tornou o dinheiro símbolo de poder. Aí, em busca de poder, as pessoas queriam comprar mais, e mais, e mais, E MAIS... Acho que foi aí que surgiu o capitalismo, ACHO. Passou-se a depender do dinheiro para tudo, até mesmo para se estabelecer relações sociais. O dinheiro passou a ser a base de tudo. Dinheiro igual a poder. E a sede de poder da humanidade existe desde quando Adão decidiu experimentar a maçã para ser como deus. Até que a coisa evoluiu ao ponto das pessoas se preocuparem com o dinheiro ao ponto de criarem a "ciência do dinheiro" - coloquei aspas aqui porque não é exatamente isso, mas bem que poderia ser, e na verdade é, mas deixa para lá - para estudarem tudo que não existia, para criarem soluções para problemas que não existiam na época, e assim foi com muitas coisas, mas vamos falar apenas do dinheiro. Tudo girava agora em torno do dinheiro. até mesmo o caráter. Dinheiro = pessoa de bem. Fata dele = pessoa suspeita. E não me venham me dizer que não é assim, porque é e todos nós sabemos disso muito bem.
E vejam só, parece que eu tenho, afinal, uma ideia: abolir o capitalismo. Eu sei, parece ser meio radical, e eu até posso estar enganado, mas você tem uma ideia melhor? E não estou falando em uma ideia para combater a crise, e sim em uma ideia para recobrar a dignidade (e a sanidade) das pessoas, e para que o dinheiro volte a ser apenas um auxílio para as pessoas comprarem seu feijão na feira sem muita dificuldade.

Agosto 1964

Posted: segunda-feira, 26 de setembro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas:
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Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
         mercados, butiques,
viajo
         num ônibus Estrada de Ferro - leblon.
         Volto do trabalho, a noite em meio,
         fatigado de mentiras.

O ônibus sacoleja. Adeu, Rimbaud,
relógio de lilases, concretismo,
neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,
         que a vida
         eu compro à vista aos donos do mundo.
         Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito policial-militar.

         Digo adeus à ilusão
mas não ao mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
         Do salário injusto,
         da punição injusta,
         da humilhação, da tortura,
         do terror,
retiramos algo e com ele construímos um artefato

um poema
uma bandeira

[Ferreira Gullar]

UM MÊS DEPOIS...

Posted: quarta-feira, 21 de setembro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas:
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Pra quem não sabe, o servidores federais da educação aqui do Brasil estão em greve há mais de um mês (não detenho dados exatos, mas é por aí), E NINGUÉM NOS DÁ (sim, uso o 'nos' pq muitos de nós alunos tbm têm se manifestado a favor dos servidores) A DEVIDA ATENÇÃO!!! Dilma nem txuíu pra ninguém. NOBODY!!! A mídia é outra que nos ignora, ESPECIALMENTE A TELEVISÃO, GRANDE DETENTORA DA MASSA DE COMUNICAÇÃO (felizmente, isso está mudando, e as pessoas estão cada vez mais se informando em mais locais - VIDE INTERNET -, mas isso é assunto pra discutir em outro momento). Enquanto o governos NOS (reitero o uso do 'NOS' pq isso tbm afeta NÓS alunos) ignora, enriquece banqueiros, empresas privadas (VIDE MULTINACIONAIS EXPLORADORAS DA MÃO-DE-OBRA SEMI-ESCRAVISTA BRASILEIRA, que NÃO PAGAM UM CENTAVO de imposto) e países capitalistas (VIDE EUA). Enquanto a mídia ignora NOSSOS manifestos (sim, professores e alunos organizaram manifestos em prol da EDUCAÇÃO em TODO O BRASIL), "noticia" coisas inúteis, como dicas ridículas para emagrecer antes do próximo verão (como se aquelas pessoas patéticas que aparecem nas reportagem MAIS PATÉTICAS AINDA não se entupissem de cerveja nos fins de semana).

E é assim que a coisa anda, MAIS DE UM MÊS DEPOIS...

Longe de uma postura egoísta, queria fazer a seguinte declaração:

EU NÃO AGUENTO MAIS FICAR SEM AULA; SEM ACORDAR CINCO E VINTE DA MANHÃ PRA IR PARA AQUELA ESCOLA, TER AULAS E PAPOS COM EXCELENTES PROFESSORES/AMIGOS; SEM TER QUE ESTUDAR NOS FINS DE SEMANA PARA ALGO INTERESSANTE QUE O PROFESSOR EXPLICAVA NA AULA DA SEXTA-FEIRA; SEM FREQUENTAR A MINHA CASA - como diz o slogan, "Minha casa, minha vida"!

Então, DONA PRESIDENTA, EXIGIMOS (não estamos aqui pra pedir, você trabalha pra gente, sacou como é q funciona a coisa?) que você dê atenção às REIVINDICAÇÕES DOS SERVIDORES PÚBLICOS DA EDUCAÇÃO FEDERAL, e principalmente, atenda as tais, e pare de dizer nas campanhas e propagandas do governo federal que a educação está melhorando, porque você NÃO NOS ENGANA MAIS. As coisas parecem que estão bem, mas isso não é totalmente verdade. Trate de agir que temos pressa. O BRASIL TEM PRESSA!!!

mais pesado, menos respiração

Posted: quinta-feira, 15 de setembro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas:
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Saiba que esse seu papo de colaboração entre a sociedade não cola mais comigo. Todos os dias há uma coisa nova a se resistir. Juntos não adianta mais de muita coisa, embora eu ainda queira me aliar a alguém. Todos os dias uma nova separação, todos os dias uma nova correria. E ninguém parece saber disso.
E não há mais poemas, porque não há mais tempo de ver o próprio rosto refletido na água. O tempo acabou faz tempo. Agora só nos resta esperar por um milagre. Estamos totalmente separados, e parece que tudo vai acabar no próximo instante. Nós iremos acabar. Não era para ser essa a nossa história. E agora muitos estão se aliando equivocadamente. E eu nem posso culpá-los: o trauma é grande. O trauma é desconhecido. Todos tinham um nome e todos rezavam. E quando se acabam as rezas, o que resta a se fazer, a não ser juntar-se ao raptor. E nenhum milagre. Nenhum milagre existe, na verdade. Eles não podem esquecê-los, a marca é muito profunda para se conseguir dormir a noite e não lembrar que foi (e é) um refém.
Estamos totalmente abandonados. Não posso culpar quem esquece, o sofrimento é desumano!
São tempos de não parar para observar o mar passar, porque o mar não está para se rolhado, e sim navegado.
Repito: estamos separados, e não mais há amor para resistir, não há mais lugar para se esconder, nem aquele escapismo mundano nos copos. Todo mundo é procurado em todos os lugares, a todos os momentos, e o tempo está acabando. Isso não é nosso destino; então, como assinar?
É fato que não podemos mudar muita coisa, nem nós mesmos, porque nada mais está em nossas mãos. Só nos resta contar com o acaso. Sim, a sorte finalmente parece existir. Era isso mesmo que vocês queriam? A sorte? Aí está a nossa sorte, o nosso azar. Não é tempo de mudança, mas eu, tolamente, espero que algo se transforme a nosso favor. não é uma questão de ignorar as frases de antigamente, é questão de impotência mesmo. Todos estamos impotentes. é por isso que precisamos estar juntos, podemos não ser invencíveis juntos, mas separados somos só o acaso. De fato, não há muito o que se perder. Inclusive já estou com falta de ar. Minha respiração está alterada. Não, não está tudo bem. Nada está bem. Nós temos que ser os melhores, e ainda tentar mudar o mundo. Essa é a nossa missão. Os demônios agora vêm de fora, os demônios estão cada vez mais assustadores. Todas as esquinas são assustadoras. Qualquer coisa pode ser o nosso fim, e nada mais. É isso o que se passa em nossas cabeças. Não há mais nada depois. E ainda temos que vender nossa desgraça em uma bela pintura para sobreviver com ajuda da pena dos outros, dos ditos preocupados conosco.
A regra é o segredo total. Ninguém sabe como estamos. Ninguém deveria saber onde estamos. Não há como resistir, e tudo isso vai acabar. E talvez depois só haja o silêncio.

01:03

Posted: sábado, 3 de setembro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: ,
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Quase uma da manhã, e cá estou eu nesse lugar semi-habitado. Estou com fome, o sono vem de leve e o tédio insiste para que eu saia daqui. E ainda por cima não tenho nada para escrever, nenhuma ideia legal, diferente de ontem (ou antes de ontem, sei lá!). E como resultado, sai essa TOSQUEIRA IMUNDA MEDÍOCRE DE PSEUDO-ESCRITOR. Mas que se foda, ninguém vai ler mesmo! Que se exploda quem vier me julgar - ninguém virá, embora eu quisesse, só pra arranjar briga no twitter.

Cansado de todas as músicas por hoje, mas meus ouvidos precisam de som quase o tempo todo. Essa coisa de necessitar ouvir música quase que constantemente às vezes é uma merda total. Eu fico sem saber o que ouvir. MAS QUE SE FODA DE NOVO, NINGUÉM TÁ INTERESSADO NOS MEUS PEQUENOS DRAMAS INDIVIDUALISTAS. Foda-se todo mundo!

Mas aí eu vou levando as coisas do jeito que dá, e que SE DANE o que vier pela frente.
Isso mesmo, palavrões em CAPS LOCK, porque a vida sem eles fica só o Num Lock: sem destaque algum e algo comum.

(Acabei de ver que já passa da uma da manhã, mas que SE DANE de novo!)

Mais alguma observação pra eu escrever palavrões?
Não??
Então, FODA-SE!!!

Os demônios e os homens

Posted: sexta-feira, 2 de setembro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , ,
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Podemos dizer, para começar, que um dos regentes da humanidade é a preocupação. E dela derivam a angústia, o medo e, num estágio bem avançado, o desespero. E ao falar em desespero, me lembro quase que automaticamente do Raskolnikov (se a grafia dele não for exatamente essa, perdoem-me), o jovem desesperado, culpado e auto-perseguido protagonista do épico "Crime e Castigo", que vê até mesmo no nascer do sol (isso é um resumo-hipérbole da narrativa psicológica da obra) o delator de seu duplo crime - ele assassina uma velha agiota e logo em seguida a filha da mesma, esta última vítima não planejada que estava no lugar errado e na hora errada. Todos os humanos se preocupam com alguma coisa, seja essa coisa algo extremamente fútil ou algo de vital importância. O fato é que ninguém vivem em paz. Sempre há algo nos desvirtuando da serenidade. Isso sem falar dos medos, uma notável marca humana.
Tudo isso nos persegue, cerca-nos. Podemos chamar de demônios. Para os estúpidos conservadores de plantão, não me refiro a Lúcifer, sagaz em adquirir almas para o seu submundo. Demônios, seres obscuros. É isso, coisas obscuras que todo mundo consegue - às vezes consegue, às vezes não. Cada um tem um demônio particular, semelhante ao de alguém, mas único de alguma maneira.. Esses demônios provocam uma série de reações: tiram nosso sono, nos deixa aflitos, tira nossa atenção. Nos tira do caminho, de fato. É uma coisa toda muito louca.
Aí, só resta a cada um esconder seus demônios. Quase sempre por vergonha. Não serei hipócrita e dizer que não tenho e não escondo os meus: eu tenho muitos, alguns eu guardo pra mim mesmo, e tento conviver com eles, porque essa é a única solução. Saber lidar com eles é a chave. Bater um papo com eles e dizer "olha, isso não foi legal, então precisamos mudar ou pelo menos melhorar isso" ajuda bastante. Isso não matará as criaturas obscuras, mas criará uma relação sadia com o deu Id. O problema está quando ignoramos, reprimimos, ou até mesmo encarceramos esses demônios. Eles vão tentar - e vão conseguir, mais cedo ou mais tarde - se libertar. As consequência serão desastrosas. E você não estará pronto para enfrentar isso. O começo de tudo será o próprio medo. Quem não se lembra de Nina Sayers, protagonista do também épico filme "Cisne Negro"? O filme conta o desafio de Nina em interpretar o Cisne Negro, sensual e sedutor, antagônico a Nina, pura e inocente. Ela começa a delirar com a pressão que está enfrentando com esse papel, e tudo porque reprime seu lado obscuro.
Um futuro pode ser a ditadura, a repressão. Você ignorou alguma caraterística de si, e então quer que todos comportem-se da mesma maneira que você. Você é algo equivocado, deixe-me substituir por NÓS. Tudo mundo faz isso. Todo mundo se envergonha de algo e não aceita aquilo em outra pessoa. Essa é a lógica do "exorcismo".
Acho que por enquanto é apenas isso. Essa é uma ideia que tem passado pela minha cabeça faz um tempo, e precisava desenvolvê-la em algum momento. Ninguém é obrigado a concordar com isso, são apenas ideias. Mas pelo menos tenham algum argumento para criticar, pois poderei concluir que isso não passa de uma repressão.


P.S: Assistam Cisne Negro. É um filme fantástico. Infos aqui

P.S.2: Leiam Crime e Castigo. Tenta mostrar o que leva a pessoa a cometer um crime e o que acontece com essa pessoa posteriormente de forma marcante, envolvedora, e dolorosa. Infos aqui

o velho leon e natália em coyoacán

Posted: quinta-feira, 1 de setembro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , ,
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desta vez não vai ter neve como em petrogrado aquele dia
o céu vai estar limpo e o sol brilhando
você dormindo e eu sonhando

nem casacos nem cossacos como em petrogrado aquele dia
apenas você nua e eu como nasci
eu dormindo e você sonhando

não vai mais ter multidões gritando como em petrogrado aquele dia
silêncio nós dois murmúrios azuis
eu e você dormindo e sonhando

nunca mais vai ter um dia como em petrogrado aquele dia
nada como um dia indo atrás do outro vindo
você e eu sonhando e dormindo


Paulo Leminski

CLAMAMOS POR QUALIDADE NA EDUCAÇÃO PÚBLICA

Posted: quarta-feira, 24 de agosto de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , ,
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Ao ouvirmos frases como “O alicerce do país é a educação”, “A valorização do professor é fundamental para o desenvolvimento educacional”, não há como nos enganarmos: estamos falando de eleições. Os discursos políticos vêm carregados de questões sobre a melhoria do quadro atual da educação; pois a consideramos um dos setores mais importantes para o desenvolvimento da nação.
É inegável que, por meio da produção do conhecimento, um país cresce, aumentando sua renda e a qualidade de vida das pessoas. Qual mãe ou pai desse país não deseja que seus filhos tenham oportunidades que eles não tiveram? Qual pai ou mãe que nunca falou que o melhor meio de vida digno é através da educação? Quem nunca ouviu das pessoas mais vividas que o conhecimento é o maior bem da vida, o único que iremos levar pra sempre e que não há quem tome?
É fato que o cenário da educação tem melhorado nos últimos anos. As instituições de ensino – fundamental, médio e superior – tornaram-se locais importantes para ascensão social e muitas famílias têm investido com esperança; o que gerou melhorias significativas para a população, principalmente a que tem menos poder aquisitivo. Contudo, ainda há muito para ser feito: somente 5% do PIB (Produto Interno Bruto) é investido na educação e não há valorização dos seus profissionais. Além disso, vê-se a educação como um “gasto” e não como um investimento, pois os resultados aparecem em longo prazo e para os políticos, que administram por quatro anos, calçar uma rua renderá mais votos para reeleição.
Por meio deste texto, nós, alunos e servidores do IFRN/Campus Ipanguaçu, comunicamos à sociedade que 192 campi dos institutos federais de educação estão em greve, reivindicando melhores condições para a educação. Nós pomos nosso senso crítico e político em prática, apoiando a causa dessa greve, por reconhecermos a necessidade de cobrar respeito do governo federal e um tratamento digno com a educação pública de qualidade. Aproveitamos também para nos solidarizarmos com os servidores do governo estadual, pois a UERN está em greve reivindicando mudanças na postura do governo Rosalba. São estes, os nossos governantes, os reais responsáveis por esse prejuízo causado à sociedade.
Todos nós merecemos, precisamos e acima de tudo temos “direito” a uma educação de qualidade, a um emprego decente, saúde, uma casa pra morar e chamar de nossa. E queremos deixar bem claro que apesar das coisas nesse país caminharem por vontades e apadrinhamentos políticos, nós não estamos pedindo favores e sim cobrando o que é nosso por direito. E é um crime que não tenhamos! Onde está a democracia? Afinal, que país é este?
É comum quando há greve a sociedade associar aos integrantes sinônimos como “vagabundos”, que “não querem trabalhar, que só querem saber do bolso deles” e tantas outras coisas... Contudo, o que não se sabe são as reais causas desse movimento e a responsabilidade acaba ficando com os envolvidos nele. Mas, ironicamente, o professor é o responsável para melhorar a cidadania. Mas, reflitamos! Esses servidores são profissionais, assim como médicos, juízes e também batalharam, estudando como eles. Então, por que eles são os mais desvalorizados? Antes de serem profissionais, será que eles não são pessoas que tem necessidades básicas como todos?
Sociedade, precisamos acordar para as injustiças que são propagadas onde vivemos! A responsabilidade em ter uma educação de qualidade não está exclusivamente no profissional da educação. Está nas administrações públicas, sejam quais forem. Por isso, temos que cobrar deles soluções para o problema, que não é apenas de quem estuda no IFRN, pois somos privilegiados se nos compararmos às demais instituições de ensino. Mas não queremos privilégios que só atingem a uma parte da população; queremos o cumprimento desses direitos para todos!
As reivindicações propõem a retomada dos recursos públicos, com o fim das terceirizações (que por sinal, sai muito mais caro para o governo, logo para o nosso bolso!); a valorização dos profissionais da educação, com a reestruturação das carreiras e reajustes de salários bases (o que implica na qualidade da educação, pois como queremos uma educação de qualidade com profissionais que não sejam bem remunerados?). Inclusive, vulgarizou-se o papel do professor, pois com todas essas questões que envolvem a educação e com os salários que são pagos, a população já tem receio em relação a essa profissão, levando à evasão de profissionais de qualidade na área da educação.
Outra questão é contra os projetos de lei que congela gastos com servidores e serviços públicos, estabelece avaliação para demissão dos servidores, criarem fundos privados de previdência no serviço público e demais projetos que estão em tramitação no congresso para tirar direitos adquiridos. Finalmente, no último ponto que ressaltamos, retira a estabilidade do servidor público, dando margem a manipulações e subordinações que levam à repressão da autonomia.
Portanto, é diante dessa situação da educação brasileira que estamos em greve, pois clamamos por qualidade da educação já! Se um país se desenvolve sem educação de qualidade, os serviços públicos dependerão da boa vontade dos políticos e a sociedade nunca terá autonomia. Dessa forma, as mudanças que o João, a Maria e você que está lendo essas palavras desejam nunca acontecerão.
É por isso que estamos em GREVE, pois embora nós, atualmente no IFRN, tenhamos uma educação pública diferenciada, queremos garantir que essa qualidade seja mantida e continue em desenvolvimento. Para tanto, é preciso que o governo não pare com os investimentos. Mas, reiteramos que o que queremos garantir é uma perspectiva que seja boa para todos. E isso se chama educação e democracia.

Alunos e Servidores do IFRN, Campus Ipanguaçu

Democracia vs. Anarquia. (Ou não)

Posted: terça-feira, 23 de agosto de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , ,
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O poder feito para todos e por um conjunto certamente é tirânico. Tudo bem, são apenas divagações repentinas, sem nenhum preparo antecipado. É a tal da democracia. Até onde eu me lembro, é uma forma de governo onde se leva em consideração a vontade de todos. Ou melhor, da maioria. Mas será que vivemos realmente em uma democracia? Será que as ideias e os anseios de todos, absolutamente todos, são levados em consideração? A resposta: de jeito nenhum. Não é segredo para ninguém que muita gente é ignorada nos projetos políticos. Mas ainda assim essa ideia de “democracia” ainda é cultuada em grande parte do mundo – imagino eu.

E qual seria a razão disso? Acredito eu que haja várias. No Brasil, talvez seja pelo fato de, depois de mais de vinte anos de um regime militar ditatorial, a ideia de eleições diretas proporcionar para muita gente a sensação de liberdade. E talvez seja isso mesmo. Ou talvez não. Não sei explicar ao certo. São apenas ideias embrionárias, mas vamos em frente. O fato de muita gente poder escolher diretamente o seu representante, gera um conforto enorme, as pessoas sentem que têm algum valor.

Mas, e por que isso não seria uma democracia? Simples. Para mim (e essa é uma ideia recente) não há democracia sem uma anarquia individual. E o que seria essa “anarquia individual”? Seria uma pessoa sem nada nem ninguém a controlando. Ela seria livre para tomar suas próprias decisões, fazer suas próprias escolhas. Além disso, cada pessoa teria suas próprias ideias, semelhantes umas às outras ou não. É óbvio que isso implica também em responsabilidades. E onde estaria o problema? A “democracia” valoriza o CONJUNTO, massacrando as particularidades de cada um. Isso sem contar os que ficam fora desse conjunto.

Enfim, essa é a minha ideia de governo democrático, um governo que torne cada cidadão autônomo.

O Muro

Posted: domingo, 7 de agosto de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , ,
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Casas, belas casas, casas sujas;
Casas expostas, casas com muros;
Muros altos, muros baixos, muros largos -
muros de todos os tipos e formas.


Criados para proteção - eu devo ter muita coragem
Criados para introspecção - talvez eu seja extrovertido
Tudo um monte de mentira - ou eu não tenho muros
Não tenho? Esse poema é decorrente de um muro;
Um muro com portões?

Tudo estava tão vulnerável - não me julgue!
Certas coisas devem ser desconhecidas.
E são tantos segredos!
Segredos que vão se acumulando com o tempo.

Momentos, instantes - compõem a vida.
Momentos passam - duram um instante.
Este é o momento - isto é um instante.
O momento do muro passou - 
embora eu saiba que ele seja reconstruído tijolo por tijolo.
Mas esse é o momento fora do muro - a derrubada do muro
Este muro estava ficando gigantesco
E o portão de acesso também
Agora é mais fácil entrar
Mas felizmente só o que está fechado pode ser aberto
Essa é a salvação.

Equilíbrio humano

Posted: sexta-feira, 22 de julho de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , ,
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Definitivamente eu preciso encarar minhas dificuldades e obstáculos com mais serenidade e calma. Perante qualquer problema – seja ele grande ou pequeno – eu começo a me preocupar, me desesperar mesmo. Respiração alterada; pensamentos em desordem; falta de raciocínio; quase um pavor. Tudo parece fugir do meu controle; tudo parece dar errado. Parece até que estou destinado a não descansar, ou pelo menos a não poder fazer isso. Minha sede de movimento e atividade faz com que eu seja atarefado demais; até meus divertimentos se acumulam, disputando espaço com minhas obrigações. Preciso aprender a medir meu tempo, aprender a recusar certas coisas, manter meu foco nas obrigações. Prometi a mim mesmo no início deste ano que faria as coisas com mais responsabilidade, mas não estou cumprindo com a promessa, ao que parece. Tenho que usar essas férias para recobrar esse “foco perdido”, direcionar minha atenção para uma coisa de cada vez, e claro, saber lidar com as adversidades da vida, os perrengues do acordar-dormir. Se a vida fosse realmente só acordar-dormir, não haveria todos esses problemas, mas com certeza também não haveria como me divertir, respirar e, no final de tudo, tirar sarro e rir de todas essas atribulações. Sim, rir de tudo isso; rir da vida. Eu enlouqueceria se fizesse tudo mecanicamente, de boca fechada. Quanto a isso, culpo meus amigos. Rimos das cruzes que carregamos. Aposto que se Jesus tivesse dado umas boas risadas dos que o condenaram, a Via Crucis teria sido uma bela e agradável caminhada antes do sacrifício. Tá bom, isso foi um pensamento mal colocado, mas a ideia é o que está lá. É preciso saber lutar de bom grado com a vida. Será meu desafio (um dos vários) nos próximos meses, anos.

Dois jovens

Posted: terça-feira, 12 de julho de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: ,
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Eram dois jovens, apenas dois jovens
Dois jovens como qualquer um
Ambos estavam em busca de um tesouro
Um tesouro perdido pelo mundo
(e de repente descobrem que tudo estava perdido pelo mundo,
inclusive eles)
Quem precisava de dignidade
quando tinha o mapa do tesouro?
Quando tinha o mapa do mundo?
Quem precisava do mundo
quando se tinha um lar?
Agora todos estão vivendo no mundo.

Agora eles estavam em busca do troféu
(o troféu mais dourado)
E se gabavam
Gabavam-se;
Nem sabiam do que os aguardava durante o sono.

Os dois jovens sapiram em busca do tesouro perdido
Encontraram o mundo
Viveram no mundo
Agoram fitam absortos as luzes no teto -
perderam a lua:
Mataram a lua - quem ainda sabia respirar e dormir?
Quem sabia dormir ainda?
Quem sabia silenciar o próprio nome?
Todos dormiam acariciados pelos próprios pensamentos
Alguém ainda se lembra do Folêgo do Sono?

Decidiram convocar as chamas;
Elas perguntaram:
"Do que as garotas precisam?"
Nem repiraram para exigir seus troféus -
Essencialmente precedidos.
Os guerreiros viriam ao amanhecer
A tropa a postos
Ofuscando umm dos poucos e verdadeiros milagres
Um milagre que nem pelos magos
Eram encantados
Um milagre por si só.

Partiriam pelo mundo
Vivendo no mundo -
mais uma vez.
Várias pessoas. Várias casas.
Deles.
Inclusive os troféus.
Menção - foram mencionados
Soberbas barreiras brancas de falsidade e felicidade
Uma barreira que ficava cada vez menos fechada
Golfando o ar
E sempre querendo mais.

Quem se lembrava dos dois jovens?
Não havia mais dois jovens
Um jovem e outro jovem
Um velho e outro velho -
qual a diferença?
Lares de fogo
Lares de lágrimas
Lares por aí
Lares de vergonha
Lares deles.

E nem pararam um instante para descansar e repirar
E se controlar.

Tentativas de auto-refutação

Posted: segunda-feira, 4 de julho de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , , ,
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- Você tinha me dito que nada mais importa neste mundo. O que aconteceu? O mundo passou a ser importante de repente, ou ele sempre foi?

- Não, o mundo nunca foi importante e continua não sendo. Mas as pessoas que estão nele são. E vivemos apenas para ver quem amamos morrer. Não acha isso injusto?

- Mas a morte é inevitável!

- Inclusive a minha?

- Sim, inclusive a sua!

- Então a morte seria a única coisa feliz na minha vida?

- Talvez. Mas e as pessoas que são importantes para você? Elas não te deixam mais feliz?

- Sim, deixam. Mas, e quando elas morrem?

- Perceba que você não pode evitar a tristeza.

- Posso evitar a minha, morrendo!

- E as pessoas que se importam com você?

- Você venceu!

O dia em que eu vi que estava errado (e fiquei feliz por isso)

Posted: quinta-feira, 23 de junho de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , ,
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Ontem aconteceu uma coisa muito importante em minha vida. Tudo começou quando eu e meus amigos combinamos de irmos todos juntos para o show de Zé Ramalho aqui em Assú, um show aberto e tudo mais. São João e tal. Decidi que iria para passar (mais) alguns momentos com eles e também porque já tinha ouvido falar bem do cara. Enfim, chegamos no local pouco depois das onze da noite, eu um pouco cético com a coisa toda; minhas vivências com o São João de Assú foram desagradáveis, pessoas bebendo, música ruim, a decadência humana perante os meus olhos.
Entretanto, ontem tudo foi totalmente diferente pra mim. Pela primeira vez na vida, vi alguém com uma música de verdade cantar naquele lugar. Um parêntese: anualmente, no período de São João, há shows de várias bandas, cantores, etc. todos os dias, shows abertos para todo mundo, embora ainda haja os camarotes. Todo o meu ceticismo foi pelo ralo quando Zé Ramalho começou a cantar. Eu não conhecia nenhuma música dele em específico. Já tinha ouvido um ou outro refrão na vida, mas sem saber que era dele, muito menos saber o título da música. Então tudo seria mais contemplativo, eu pararia para ouvir a música com enorme atenção, para perder o mínimo possível.
Foi um pouco tenso estar ali´num show ouvindo uma música pela primeira vez, mas eu viajei naquele timbre de voz. E que timbre! Ele cantava com um vigor impressionante, um punk nordestino (rs), acompanhado por instrumentais a la Bob Dylan. Foi exatamente isso que eu ouvi ontem/hoje (a festa terminou aproximadamente a 1 da madrugada). Um verdadeiro forró, e não apenas isso, tinha algo diferente ali (talvez tenha sido o tal "punk nordestino" de que falei agora há pouco).
Após o show, eu e alguns amigos fomos no parque de diversões. Voltamos logo depois para onde estávamos. Uma banda com um som daqueles que eu repudio tava tocando. Começou a ficar chato e entediante. Sintomas: eu iria ficar olhando a hora a cada minuto, torcendo sonhadoramente para já estar tarde o suficiente. E já estava: eram 2 da manhã quando fui embora, mas o resto do pessoal ficou lá.
Sair naquele momento foi importante, pois se eu continuasse ali, toda a diversão anterior não teria valor, mais uma noite desagradável em minha vida. Saí de lá com a alma lavada,, bastante feliz e alegre, e com a certeza de que eu não era mais o mesmo, de alguma forma.

Despreocupadamente

Posted: terça-feira, 7 de junho de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: ,
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Tava aqui no computador ouvindo músicas e tal, aí de repente me veio um turbilhão de pensamentos sobre o que eu escrevo aqui neste blog; e não só no blog, mas também nos meus cadernos e arquivos de computador. Percebi que ora eu escrevo sobre o que se passa no mundo lá/aqui (???) fora, os problemas do mundo; ora eu escrevo sobre mim mesmo, sobre os pensamentos mais obscuros e sem noção que permeiam minha cabeça. É algo extremamente complicado de lidar; é uma dualidade por vezes aterrorizante; quando escrevo sobre o mundo, penso que é algo clichê, sem graça já; quando escrevo sobre mim, fico com um peso enorme na consciência, achando que deixei o mundo de lado pra me preocupar com meu egoísmo.
O fato é que eu nunca estou satisfeito com aquilo que escrevo - às vezes até mesmo com aquilo que faço - e que eu tenho que aceitar que esse é um fardo a ser carregado por uma amante da escrita como eu. Me lembro de Drummond (alguém me mande pra guilhotina por me comparar à Drummond!), que também nunca estava satisfeito com seus poemas, permeando entre o individualismo e a poesia social, e acabou criando o que se chamou de "poesia familiar". Mas não vamos entrar na questão teórica da literatura dele. O que está em questão é que eu tenho um problema a ser corrigido.
Penso agora que talvez isso não seja um problema (veem? já estou discordando do que acabei de escrever!); talvez não seja uma coisa ruim permear entre o "eu" e o "mundo". Acredito que o importante seja se reinventar a cada texto novo; nunca banalizar a sua escrita por causa de temas repetidos. Imagine que sempre que eu fosse escrever sobre o mundo, falasse sempre das pessoas que passam fome. Ia ficar uma coisa monótona, e isso é chato. Eu quero mais são textos em preto e branco, o contraste, que é extremamente delicioso de se escrever. A ironia e dualidade da vida. Ir fazendo sem racionalizar o que está escrevendo; deixar as coisas fluírem no seu curso normal e desembestado. E os outros que arquem com as consequências. Não sou eu que estarei lendo este blog, então, tô nem aí. Cansei de ficar me preocupando se o que eu escrevo é adequado ou não; se está soando muito piegas ou mesmo clichê, como já falei. Não me recordo se já coloquei ou não algum palavrão em algum desses textos aqui publicados, mas no dia que der vontade de colocar...

Então, eu fico aqui não me importando nem um pouco sobre como vai soar o texto. Texto é texto, e tem vida própria; eu sou apenas o pai, meu trabalho é simplesmente fazê-lo (rs)!

O homem sem âncora

Posted: segunda-feira, 23 de maio de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , ,
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Eu não sabia o que escolher,
o receio era grande,
o momento era longo para eu ancorar-me.
Num minuto, eu queria sair por aí
(e ser o mundo);
no outro, queria ficar em casa
(só observando você).


Eu sabia de muitas histórias,
que a boca teimava em narrar,
e a cabeça insistia em calar.
Pela manhã eu queria o mundo escuro dos sonhos,
à noite, eu queria o mundo inquieto da luz e palavras.


Eu me sentia confortável na legalidade,
mas ser um beat excitava-me
(embora não parecesse).


Eu desejo tudo isso nesse instante,
e quando você acordar amanhã,
já estarei desprezando tudo o que consegui.
Envolvido em muitas coisas - cansado até a alma,
e amanhã cheirando a preguiça e tédio com o andar da coisa.


Será que realmente existe um estado de equilíbrio disso tudo?
Tentando a todo instante parar em algum lugar,
respirar o ar do momento!
Minha cabeça, como sempre, em preto e branco.
Ao entrar, penso em sair;
quando saio, canso-me.
O mundo e outro mundo - o meu mundo!

Perseguição e ajuste de contas

Posted: domingo, 22 de maio de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: ,
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Nas últimas semanas, um determinado tema tem preenchido minha cabeça de forma quase tirânica: o Carpe diem, "Aproveite o dia". Tem aparecido pra mim de todas as formas, nos filmes apresentados e debates realizados em sala de aula, nas músicas, nas notícias, de todas as formas possíveis. Em sala assisti o filme "Sociedade dos Poetas Mortos", filme que aborda explicitamente esse tema; aí depois houve debate sobre esse filme e tal. Algumas músicas foram trabalhadas com esse assunto.

E outra, mais recente ainda, foi a especulação de que o fim do mundo seria ontem, 21/05. Para deixar bem claro: em nenhum momento acreditei que o tal arrebatamento seria nesse dia (e também não acredito nessas datas tiradas sabe-se lá d'aonde). Mas não nego que isso foi mais um estalo para o Carpe diem. Não para de me perseguir em nenhum momento, em nenhum lugar. Começo a pensar que vou enlouquecer com tudo isso.

De qualquer forma, fico imaginando o que será isso: se são apenas acontecimentos rotineiros ou sinais de aviso enviados por alguém desconhecido, ou uma espécie de loucura semelhante à vivida pelo jovem Raskólnikov, onde os fantasmas da consciência começam a me atormentar por não fazer o que já devia ter feito, o que devo fazer todos os dias despreocupadamente: aproveitar a vida. Seja lá o que estiver acontecendo comigo, eu devo começar a mudar já, antes que seja tarde demais; antes que eu me veja velho deitado numa cama de hospital, cercado por aquelas máquinas que nos ajudam a respirar. É preciso fazer algo, porque a morte não compreende que eu ainda tenho muito o que fazer aqui antes de partir e me transformar em fertilizante.

Abraçar tudo com apenas 2 braços

Posted: by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , , , ,
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Falta pouco mais de um ano e meio para eu terminar o ensino médio, e o povo da minha sala já começa a pensar e decidir coisas para nossa formatura, festa e tal. Certo, tudo bem, isso todo mundo faz; mas e depois? E durante? Como será a minha vida sem essas pessoas? E não me refiro apenas aos meus colegas de classe, mas a todo mundo que eu gosto e tenho um carinho naquele lugar.
Quando eu paro pra analisar tudo que já se passou ali, eu fico assustado-estupefato-abobalhado com a velocidade do tempo: JÁ SE PASSARAM DOIS ANOS!!! E parece que foi há uma semana que eu tive a 1ª aula naquele lugar. O tempo passa muito rápido, porra. Aí, quando eu me dou conta disso, fico imaginando se fiz tudo valer a pena; se arrisquei o quanto devia, mesmo que tenha sido um erro (devo admitir que na maioria dos casos não foi um erro, pelo contrário, foi a melhor coisa que pude ter feito).
A gente quanto tem que escolher fazer ou não alguma coisa, sempre fica com um pé atrás, com o argumento: "ah, mas e se der errado?" Realmente, se for um erro, você vai se arrepender por muito tempo do que fez. Mas você só vai saber se isso foi um erro se arriscar as suas fichas no que quer fazer. É preciso deixar de lado o receio (em alguns momentos) e se jogar de cara nas vontades.
E quando você percebe que o tempo de um momento tá acabando, você quer aproveitar cada instante, cada "coisa" dele. Nem sempre é possível ter tudo de tudo (eu sei que essa expressão pode ser meio confusa, mas façam um esforço, por menor que seja, para entendê-la), mas é preciso aproveitar o máximo, pois é fato que você no futuro irá lamentar não ter feito o que queria.
E tem também as pessoas queridas, que você não imagina que irá abandonar, até o momento do adeus. Todas aquelas pessoas com que você passou (EU PASSEI) conversando durante tardes e mais tardes dos anos, às vezes esquecendo de algumas obrigações, ou mesmo conversando nas obrigações; num momento estão rindo (ou chorando) com você, no outro são as lembranças. Eu sei que um dia irei reencontrar algumas dessas pessoas, mas infelizmente não será a mesma coisa, e eu tenho consciência disso. Mas a prova de que eu amo essas pessoas está no fato de que não as esquecerei, farei questão de lembrar delas todos os dias, mesmo que eu tenha que sofrer com a saudade delas todos os dias. Então, farei com que cada momento seja único, até mesmo os mais tediosos, os mais felizes, os mais tristes, os mais engraçados, todos.

Então, precisamos arriscar naquilo que queremos. Oscar Wilde já dizia que o único jeito de se livrar das tentações é se jogar nelas.
Nem todos os momentos serão legais, mas um dia todos iremos lembrar deles, e acharemos eles bons!
E por fim, uma filosofia que eu vou tentar agregar a minha vida aos poucos: é melhor uma vida curta e intensa do que uma vida longa e parada.

A plenitude do vazio

Posted: terça-feira, 17 de maio de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas:
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O texto a seguir foi escrito pela minha amiga e professora de inglês Priscila Seabra, que é dona dos blogs Ex-Duco e Através do monitor. E o texto dela inaugura a minha ideia de publicar textos dos meus amigos. Comentem depois!



Ecos do silêncio retumbam, trovejam, ensurdecem os ouvidos distraídos da alma.O que não há inunda o peito, devasta cidades. O que inexiste atropela, massacra, mata o que houver de vivo sem pedir licença.
A falta que abunda é essa que dilacera. A ausência de repente se apresenta cruelmente presente, valente, quente e mente que sente muito.
Sente pouco.
Sente nada.
Vadia.

Vontade sem motivo

Posted: sexta-feira, 22 de abril de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas:
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Tava aqui em casa nesse feriado e de repente bateu a vontade de escrever alguma coisa nesse blog, só que ideia que é bom, nada... Aí me dei conta de que a ideia só viria se eu abrisse a página para escrever. Como eu não tenho uma ideia fixa, pode ser que eu escreva parágrafos sem relação com o seguinte ou o anterior. Então, qualquer coisa, relevem, ou então, saiam daqui enquanto é tempo...


Acho que vou começar falando sobre a semana santa. De acordo com o cristianismo, foi na sexta-feira dessa semana que Jesus foi traído por Judas e algumas horas depois pregado na cruz, ressucitando após três dias, formando assim toda a base para religião que "abriga" de 1/4 a 1/3 da população mundial. Nessa semana, todos os fieis decidem se passar por bons cristãos e não comem carne, no intento de "preservar a tradição". Mas matar rebanhos e mais rebanhos no resto do ano pode, porque não vai contra os valores do papado. Não vou ser hipócrita e dizer que eu não como carne; como sim, gosto, e não vou deixar de comer, e é por isso que eu não tenho esses costumes. Se pudesse, eu mesmo compraria e assaria a carne pra comer no almoço, mas como ainda dependo da minha família, fico sem carne nesses dias. Eu me pergunto porque as pessoas não percebem que toda essa besteira de páscoa é pura lenga-lenga deles pra passaram-se por bons moços. Mas isso é com eles.

...

Sem mais ideias, vou parando por aqui, até outro dia!

Agulhas

Posted: sábado, 16 de abril de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , ,
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Ontem do nada me apareceu uma febre e uma dor de garganta dos infernos, e estou com ela até agora. Sendo assim, tinha que tirar algum proveito desse meu estado debilitado. Então, apresento-lhes esse mais novo poema:



Uma bebida única
Uma bebida forte
É uma dor tremenda quando eu tenho que engoli-la
Tem um gosto horrível
Uma sensação aterrorizante
Como engolir mil agulhas
Agulhas descendo pela garganta
Cortando tudo que encontra goela abaixo
Rasgando todas aquelas cordas
Minando qualquer timbre que ali existir
E eu nem posso vomitar
Ou pôr pra fora
Pois é de uma dor desumana
Eu tenho que deixar ali, parada no estômago
E lá ficam as agulhas, picotando tudo
Absorvendo tudo,
Um falso nutriente.

Eu Rezo

Posted: sábado, 9 de abril de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , , , , , ,
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Eu rezo pelo dia em que acordarei a tempo de ver o sol nascer
Eu rezo pelo dia em que eu possa acordar descansado
Eu rezo pelo dia em que a cultura se desvinculará do capitalismo selvagem
Eu rezo pelo dia em que eu não precise sorrir
Eu rezo pelo dia em que nossos dias sejam únicos
Eu rezo pelo dia em que os medíocres não rezarão nunca mais
Eu rezo pelo dia em que não terei de engolir a Palavra
Eu rezo pelo dia em que eu possa sonhar surrealmente
Eu rezo pelo dia em que o mundo de cada um seja de Um
Eu rezo pelo dia em que eu possa acreditar no que eu quero
Eu rezo pelo dia em que o Progresso não dependa da Bolsa
Eu rezo pelo dia em que sejamos seguros na segunda família
Eu rezo pelo dia em que se pare de vender a desgraça
Eu rezo pelo dia em que não precisarei deixar um olho aberto
Eu rezo pelo dia em que o silêncio seja apenas silêncio
Eu rezo pelo dia em que os direitos estejam direitos
Eu rezo pelo dia em que eu possa descer do muro sem medo


Eu rezo por todos esses dias!

Orgulho alheio

Posted: sexta-feira, 25 de março de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , , ,
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Hoje à tarde meu orgulho alheio simplesmente atingiu níveis que eu nunca imaginei que seriam alcançados. Sabe quando pessoas que você admira lhe põe um sorriso de ponta a ponta por algo que eles próprios fizeram? Isso aconteceu comigo hoje. Não é uma simples questão de prestigiar o trabalho alheio, é se sentir orgulhoso por algo que outras pessoas fizeram, é saber que você tá no meio daquela coisa toda, é você estar vivenciando isso,  vendo e vivendo toda essa gana pelo conhecimento, pelo aprendizado, pela descoberta.

Vamos situar toda essa minha euforia: hoje ocorreu no IFRN - Campus Ipanguaçu, o Seminário de Iniciação Científica, onde os alunos apresentaram seus projetos, pesquisas e tal. Uma coisa bem informal, destinada aos alunos novatos, com o objetivo de apresentar a eles a pesquisa do campus. Como eu adoro estar no meio desse mundo, fui assistir as apresentações no turno vespertino, que foi justamente o turno em que meus amigos apresentaram suas pesquisas e projetos.

Um dos grandes receios era que a coisa ficasse um tanto tediosa, pois muita coisa era bem científica e poderia soar estranha ao público, seja o público-alvo ou os "intrometidos". Mas que nada! Foi tudo muito bem descontraído, com excelentes, eu repito, EXCELENTES projetos, e uma galera atenta e principalmente, instigada. Poucas vezes presenciei algo como aquilo. Não que eu tenha ficado perplexo com essa participação toda, mas convenhamos que, quando você está acostumado a apresentar trabalhos para pessoas que nem sempre prestam atenção naquilo que você faz, a reação não é nem de espanto, é de euforia, pelo menos no meu caso. E olhe que eu nem apresentei, infelizmente (não tinha muita ideia pra falar ali, e se eu fosse apresentar uma porcaria, que provavelmente seria o resultado disso, a galera ia logo se desinteressar por aquele momento). Imagine se eu tivesse apresentado; tinha dado pulos de alegria. "Alguém se importa com meu trabalho!!!!!!!"
Agora acho que agora dá pra entender!

Por fim, meus parabéns a todos esses alunos que na tarde de hoje mostraram do que somos capazes, mostraram o que está acontecendo na nossa escola, além de aprender conceitos. Meus parabéns aos alunos que foram prestigiar todos aqueles trabalhos, porque ficar à tarde num sexta-feira é pra lá de cansativo (acreditem, eu sei como é); espero que tenham se sentido instigados do mesmo jeito que eu. Parabéns aos orientadores, que instruíram seus alunos da melhor maneira possível, proporcionando esses resultados fantásticos, mesmo com todas as dificuldades e perrengues. Parabéns aos responsáveis por esse momento, ele com certeza não foi em vão, e com certeza essas horinhas mudaram vidas.
O trabalho de todas essas pessoas é vital pra tudo isso que tá acontecendo naquele lugar praticamente desconhecido.

VIVA A PESQUISA...



P.S.: Agora, por favor, me deixa mergulhar de cabeça nesse mundo porque assistir é massa, mas desenvolver, é P-H-O-D-A!

O imperador

Posted: terça-feira, 22 de março de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , ,
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A seguir, uma resenha sobre o filme "O Clube do Imperador", que um professor pediu para a minha turma fazer:
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O filme “O Clube do Imperador” narra a história de William Hundert, professor de história da Antiguidade Clássica da Escola para Rapazes Sin Benedict, onde ele ensina aos seus alunos não apenas fatos históricos, mas transmite a eles a ética, os princípios, enfim, a filosofia dos grandes pensadores greco-romanos, no intuito de moldar a personalidade deles, formando assim homens de caráter. 
No entanto, o professor se vê contrariado pelo mais novo aluno, Sedgewick Bell, que ignora todos os ensinamentos do professor. O professor, vendo-se diante desse mais novo desafio, decide ajudar Sedgewick a entrar na competição anual que ocorre na escola sobre história greco-romana, “Clube do Imperador”. Acreditando no potencial de Sedgewick, Hundert chega a burlar a regra da imparcialidade, desclassificando outro aluno, Martin, para dar oportunidade a Sedgewick, e passar seus ensinamentos ao garoto “rebelde”. 
Hundert, entretanto, percebe que cometeu um erro ao dar a vaga ao jovem, pois o mesmo colou no concurso, desacreditando ser capaz de disputar com os outros garotos. Ao mesmo tempo, Hundert descobre que por trás daquilo havia também um jogo de poder, pois ao comunicar a trapaça de Sedgewick ao diretor, este lhe ordena que prossiga com a disputa. Isso acontece porque o pais de Sedgewick é um representante político e consegue “comprar” o diretor. Anos mais tarde, Hundert é convidado pelo próprio Sedgewick – que se tornara presidente de uma grande rede de indústrias (25 anos haviam se passado) – para uma revanche com os mesmo competidores. Hundert novamente se decepciona com seu “pupilo”, que mais uma vez usa de métodos desonestos para alcançar a vitória, o que na verdade foi apenas uma desculpa/oportunidade para apresentar sua campanha ao senado. 
Hundert então se dá conta de que fracassou com Sedgewick, onde declara que “o fim depende do começo”. Nesse ponto, percebemos o quão importante é o trabalho de um professor na formação ética e moral do indivíduo, pois irão transmitir seus valores e princípios aos alunos, e não apenas chegar à sala de aula e apresentar fórmulas matemáticas prontas, regras gramaticais, etc. 
Infelizmente essa idéia tem sido deixada de lado, pois o que está, digamos, em voga no momento é a preparação dos estudantes para o vestibular, para formar profissionais técnicos com a função de atender a demanda do mercado de trabalho, sem nenhuma preocupação com os efeitos e conseqüências de toda essa falta de princípios. Algo que pode ocorrer é o mesmo é o mesmo que aconteceu com Sedgewick, um homem sem nenhum princípio, moral ou ética, desmerecendo o trabalho de seu antigo professor. 
Ou seja, por mais que as pessoas sejam imperfeitas, o trabalho de um professor é imprescindível na formação do aluno. Os mesmos esperam, mesmo que não percebam, que o professor os instiguem, ajude-os a trilhar um longo percurso. Não é possível ensinar ética e moral, mas assas duas coisas devem estar presentes nas atitudes diárias, até mesmo corriqueiras.

Adolescência. Adolescência na biblioteca.

Posted: quinta-feira, 17 de março de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , ,
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Eis a seguir um trecho de um livro do Bukowski que eu estou lendo, "Misto-quente":


"Descobri a Biblioteca Pública de La Cienega. Fiz um cartão de registro. A biblioteca ficava próxima à velha igreja descendo a West Adams. Era uma biblioteca bastante pequena e havia apenas uma bibliotecária trabalhando lá. Era classuda. Devia ter uns 38 anos, mas seus cabelos eram completamente brancos, presos num coque na altura do pescoço. Seu nariz era afilado, e ela tinha olhos de um verde profundo por trás dos óculos sem aros. Eu sentia que ela sabia tudo.
Eu caminhava pela biblioteca à procura de livros. Tirava-os das estantes, um a um. Mas todos não passavam de truques baratos. Eram de uma tolice sem fim. Páginas e mais páginas de palavras que não diziam nada. Ou, se diziam, levavam tempo demais para dizê-lo, e quando o faziam você já estava cansado demais para que tivesse importância. Tentei livro após livro. Claro, entre todos aqueles livros tinha que haver um.
Todo dia eu caminhava até a biblioteca seguindo a Adams e a La Brea e lá estava a minha bibliotecária: austera e infalível e silenciosa. Seguia retirando os livros das estantes. O primeiro livro de verdade que encontrei era de um sujeito chamado Upton Sinclair. Suas frases eram simples, e ele falava com raiva. Escrevia com raiva. Escrevia sobre as penitenciárias imundas de Chicago. Ele não fazia rodeios, dizia as coisas claramente. Então descobri outro autor. Seu nome era Sinclair Lewis. E o livro se chamava Rua principal. Ele descascava as camadas de hipocrisia que cobriam as pessoas. Parecia apenas que lhe faltava paixão.
Eu voltava para buscar mais. Lia um livro por noite.
Um dia, zanzando pela biblioteca, lançando uns olhares furtivos para minha bibliotecária, me deparei com um livro cujo título era Bow Down to Wood and Stone¹. Agora sim, esse era bom, porque isso era algo que todos fazíamos. Finalmente, algum fogo! Abri o livro. Era de Josephine Lawrence. Uma mulher. Tudo bem. Qualquer um pode adquirir cultura. Folheei as páginas. Mas eram iguais às dos outros livros: efeminadas, obscuras, tediosas. Coloquei o livro no lugar. E enquanto minha mão estava ali, peguei o livro mais próximo. Era de outro Lawrence. Abri o livro aleatoriamente e comecei a ler. Era sobre um homem ao piano. Num primeiro momento, como pareceu falso! Mas segui lendo. O homem ao piano estava perturbado. Sua mente dizia coisas. Coisas obscuras e curiosas. As frases na página estavam bem comprimidas, como um homem gritando, mas não como 'Joe, cadê você?'. Era mais como 'Joe, onde estão as coisas?' Esse era o Lawrence das frases comprimidas e sangrentas. Nunca tinha ouvido falar dele. Por que o segredo? Por que ele não era divulgado?
Eu lia um livro por dia. Li todo o D. H. Lawrence disponível na biblioteca. Minha bibliotecária começou a me olhar de modo estranho quando eu retirava os livros.
- Como você está hoje? - ela perguntava.
Aquilo sempre soava maravilhosamente bem. Era como se eu já tivesse ido para a cama com ela. Li todos os livros do D. H.. E eles me levaram a outros. A H. D., a poetisa. E a Huxley, o mais jovem dos Huxley, amigo de Lawrence. Todos vieram correndo até mim. Cada livro levava ao próximo.
Dos Passos veio na seqüência. Não era dos melhores, de fato, mas bom o suficiente. Sua trilogia sobre os Estados Unidos tomou mais de um dia para ser lida. Dreiser não me disse nada. Sherwood Anderson, sim. E então veio Hemingway. Que emoção! Ele sabia como escrever uma frase. Era um prazer. As palavras não eram tolas, as palavras eram coisas que podiam fazer sua mente zunir. Se você as lesse e deixasse que sua mágica operasse, era possível viver sem dor, sem esperança, independente do que pudesse lhe acontecer.

Mas de volta ao lar...
- LUZES APAGADAS! - gritava meu pai.
Agora eu estava lendo os russos, lendo Turguêniev e Górki. A regra de meu pai era que todas as luzes fossem apagadas até as oito da noite. Ele queria dormir para que pudesse estar bem disposto e pronto para o trabalho no dia seguinte. O único assunto de suas conversas em casa era "o trabalho". Falava de seu "trabalho" para minha mãe desde o momento em que entrava pela porta ao entardecer até a hora em que os dois iam dormir. Ele estava determinado a conseguir uma promoção.
- Tudo bem, chega desses malditos livros! Luzes apagadas!
Para mim, esses homens que haviam entrado em minha vida, vindos de lugar nenhum, eram minha única chance. Eram as únicas vozes que falavam comigo.
- Tudo bem - eu respondia.
Então eu pegava minha luz de cabeceira, me arrastava para debaixo das cobertas, puxava o travesseiro ali para baixo e lia cada novo livro, apoiando-o no travesseiro, sob as cobertas.
Ficava muito quente ali embaixo, a lâmpada esquentava, e eu sentia dificuldade em respirar. Era obrigado a erguer as cobertas para respirar.
- O que é isso? Estou vendo uma luz? Henry, sua luz está apagada?
Eu fechava rapidamente meu casulo e esperava pelo ronco do meu pai.
Turguêniev era um sujeito muito sério, mas ele podia me levar ao riso porque encontrar uma verdade pela primeira vez pode ser uma experiência muito divertida. Quando a verdade de outra pessoa fecha com a sua, e parece que aquilo foi escrito só para você, é maravilhoso.
Lia meus livros à noite, desse jeito, debaixo das cobertas com a lâmpada superaquecida. Lia todas aquelas belas frases enquanto me sufocava. Era mágico.

E meu pai tinha encontrado um emprego, e isso era mágico para ele..."

Eu já estou na metade do livro. Ele está cada dia melhor, e tem me deixado de boca aberta e sem ar, me comoveu por completo já! Recomendo a leitura.

¹ "Curvando-se diante da madeira e da pedra". Livro de 1938, não publicado no Brasil

Para o nonsense e avante...

Posted: domingo, 13 de março de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , ,
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(Atenção: os relatos a seguir podem não condizer exatamente com a realidade, são apenas resquícios de memórias noturnas e sem noção. Se você não está a fim de ler informações que não são plenamente concisas, saia imediatamente. Caso contrário, aí é com você...)

Eu precisava contar minha situação recente e ocasional para vocês, porque esses relatos não são muito confiáveis e compreensíveis no mundo lá fora, só têm espaço no mundo virtual, administrado por mim. Bem, vamos lá, isso são apenas rapsódias e portanto não há motivo para eu ficar enchendo linguiça.
Ultimamente tenho tido uns sonhos muito esquisitos. Totalmente sem noção. Coisas que nunca aconteceriam, nem na imaginação mais fértil do mundo, nem num filme surreal, nem naqueles programas de humor nonsense. Mas que têm sido frequentes na minha "Dream Land". Ali é perfeitamente normal ocorrerem coisas daquela natureza, é onde nem as ideias mais criativas reinam. E pior: algumas coisas não têm NENHUM relação como mundo real. Não dizem que o que você sonha é porque aconteceu alguma coisa no mundo real que despertou isso; alguma coisa a que seu sonho está intimamente ligado? Pois é. Às vezes isso ocorre, às vezes não. Como por exemplo, no meu aniversário, que eu sonhei que duas amigas minhas conversavam no sofá da minha casa, só que a voz delas travavam, igual a quando um CD trava e fica na mesma sílaba. Vai entender...

Não é uma coisa com a qual eu me preocupe, ou muito menos me incomode; pelo contrário: torço para que isso ocorra com mais frequência. Não é que eu seja um surrealista desmedido, não, eu tenho limites para isso, a questão é que eu desejo isso belo bem estar da minha sanidade mental. Se esses sonhos deixarem de surgir, eu vou enlouquecer, e no sentido literal da coisa. Também não é aqueles discursos clichês, "ah, eu preciso fugir da realidade, porque ela está horrível nos últimos tempos". É coisa séria. São os únicos momentos em que eu posso "deixar" - sim, entre aspas mesmo, pois eu não tenho controle sobre isso, felizmente! - minha imaginação correr solta, sem interferências, sem ninguém me criticando ou condenando, sem culpa.

No post anterior, eu falei sobre (o meu) minimundo, que é inacessível, só meu e tal. O mundo dos sonhos é provavelmente um dos lugares mais escondidos desse lugar, onde só entra qum eu permito. Ali não tem que invada. Só entra com o meu "passe". As coisas são assim.


E que minhas noites de son(h)o sejam cada dia mais sem noção...