Despreocupadamente

Posted: terça-feira, 7 de junho de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: ,
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Tava aqui no computador ouvindo músicas e tal, aí de repente me veio um turbilhão de pensamentos sobre o que eu escrevo aqui neste blog; e não só no blog, mas também nos meus cadernos e arquivos de computador. Percebi que ora eu escrevo sobre o que se passa no mundo lá/aqui (???) fora, os problemas do mundo; ora eu escrevo sobre mim mesmo, sobre os pensamentos mais obscuros e sem noção que permeiam minha cabeça. É algo extremamente complicado de lidar; é uma dualidade por vezes aterrorizante; quando escrevo sobre o mundo, penso que é algo clichê, sem graça já; quando escrevo sobre mim, fico com um peso enorme na consciência, achando que deixei o mundo de lado pra me preocupar com meu egoísmo.
O fato é que eu nunca estou satisfeito com aquilo que escrevo - às vezes até mesmo com aquilo que faço - e que eu tenho que aceitar que esse é um fardo a ser carregado por uma amante da escrita como eu. Me lembro de Drummond (alguém me mande pra guilhotina por me comparar à Drummond!), que também nunca estava satisfeito com seus poemas, permeando entre o individualismo e a poesia social, e acabou criando o que se chamou de "poesia familiar". Mas não vamos entrar na questão teórica da literatura dele. O que está em questão é que eu tenho um problema a ser corrigido.
Penso agora que talvez isso não seja um problema (veem? já estou discordando do que acabei de escrever!); talvez não seja uma coisa ruim permear entre o "eu" e o "mundo". Acredito que o importante seja se reinventar a cada texto novo; nunca banalizar a sua escrita por causa de temas repetidos. Imagine que sempre que eu fosse escrever sobre o mundo, falasse sempre das pessoas que passam fome. Ia ficar uma coisa monótona, e isso é chato. Eu quero mais são textos em preto e branco, o contraste, que é extremamente delicioso de se escrever. A ironia e dualidade da vida. Ir fazendo sem racionalizar o que está escrevendo; deixar as coisas fluírem no seu curso normal e desembestado. E os outros que arquem com as consequências. Não sou eu que estarei lendo este blog, então, tô nem aí. Cansei de ficar me preocupando se o que eu escrevo é adequado ou não; se está soando muito piegas ou mesmo clichê, como já falei. Não me recordo se já coloquei ou não algum palavrão em algum desses textos aqui publicados, mas no dia que der vontade de colocar...

Então, eu fico aqui não me importando nem um pouco sobre como vai soar o texto. Texto é texto, e tem vida própria; eu sou apenas o pai, meu trabalho é simplesmente fazê-lo (rs)!