O homem sem âncora

Posted: segunda-feira, 23 de maio de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , ,
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Eu não sabia o que escolher,
o receio era grande,
o momento era longo para eu ancorar-me.
Num minuto, eu queria sair por aí
(e ser o mundo);
no outro, queria ficar em casa
(só observando você).


Eu sabia de muitas histórias,
que a boca teimava em narrar,
e a cabeça insistia em calar.
Pela manhã eu queria o mundo escuro dos sonhos,
à noite, eu queria o mundo inquieto da luz e palavras.


Eu me sentia confortável na legalidade,
mas ser um beat excitava-me
(embora não parecesse).


Eu desejo tudo isso nesse instante,
e quando você acordar amanhã,
já estarei desprezando tudo o que consegui.
Envolvido em muitas coisas - cansado até a alma,
e amanhã cheirando a preguiça e tédio com o andar da coisa.


Será que realmente existe um estado de equilíbrio disso tudo?
Tentando a todo instante parar em algum lugar,
respirar o ar do momento!
Minha cabeça, como sempre, em preto e branco.
Ao entrar, penso em sair;
quando saio, canso-me.
O mundo e outro mundo - o meu mundo!

Perseguição e ajuste de contas

Posted: domingo, 22 de maio de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: ,
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Nas últimas semanas, um determinado tema tem preenchido minha cabeça de forma quase tirânica: o Carpe diem, "Aproveite o dia". Tem aparecido pra mim de todas as formas, nos filmes apresentados e debates realizados em sala de aula, nas músicas, nas notícias, de todas as formas possíveis. Em sala assisti o filme "Sociedade dos Poetas Mortos", filme que aborda explicitamente esse tema; aí depois houve debate sobre esse filme e tal. Algumas músicas foram trabalhadas com esse assunto.

E outra, mais recente ainda, foi a especulação de que o fim do mundo seria ontem, 21/05. Para deixar bem claro: em nenhum momento acreditei que o tal arrebatamento seria nesse dia (e também não acredito nessas datas tiradas sabe-se lá d'aonde). Mas não nego que isso foi mais um estalo para o Carpe diem. Não para de me perseguir em nenhum momento, em nenhum lugar. Começo a pensar que vou enlouquecer com tudo isso.

De qualquer forma, fico imaginando o que será isso: se são apenas acontecimentos rotineiros ou sinais de aviso enviados por alguém desconhecido, ou uma espécie de loucura semelhante à vivida pelo jovem Raskólnikov, onde os fantasmas da consciência começam a me atormentar por não fazer o que já devia ter feito, o que devo fazer todos os dias despreocupadamente: aproveitar a vida. Seja lá o que estiver acontecendo comigo, eu devo começar a mudar já, antes que seja tarde demais; antes que eu me veja velho deitado numa cama de hospital, cercado por aquelas máquinas que nos ajudam a respirar. É preciso fazer algo, porque a morte não compreende que eu ainda tenho muito o que fazer aqui antes de partir e me transformar em fertilizante.

Abraçar tudo com apenas 2 braços

Posted: by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , , , ,
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Falta pouco mais de um ano e meio para eu terminar o ensino médio, e o povo da minha sala já começa a pensar e decidir coisas para nossa formatura, festa e tal. Certo, tudo bem, isso todo mundo faz; mas e depois? E durante? Como será a minha vida sem essas pessoas? E não me refiro apenas aos meus colegas de classe, mas a todo mundo que eu gosto e tenho um carinho naquele lugar.
Quando eu paro pra analisar tudo que já se passou ali, eu fico assustado-estupefato-abobalhado com a velocidade do tempo: JÁ SE PASSARAM DOIS ANOS!!! E parece que foi há uma semana que eu tive a 1ª aula naquele lugar. O tempo passa muito rápido, porra. Aí, quando eu me dou conta disso, fico imaginando se fiz tudo valer a pena; se arrisquei o quanto devia, mesmo que tenha sido um erro (devo admitir que na maioria dos casos não foi um erro, pelo contrário, foi a melhor coisa que pude ter feito).
A gente quanto tem que escolher fazer ou não alguma coisa, sempre fica com um pé atrás, com o argumento: "ah, mas e se der errado?" Realmente, se for um erro, você vai se arrepender por muito tempo do que fez. Mas você só vai saber se isso foi um erro se arriscar as suas fichas no que quer fazer. É preciso deixar de lado o receio (em alguns momentos) e se jogar de cara nas vontades.
E quando você percebe que o tempo de um momento tá acabando, você quer aproveitar cada instante, cada "coisa" dele. Nem sempre é possível ter tudo de tudo (eu sei que essa expressão pode ser meio confusa, mas façam um esforço, por menor que seja, para entendê-la), mas é preciso aproveitar o máximo, pois é fato que você no futuro irá lamentar não ter feito o que queria.
E tem também as pessoas queridas, que você não imagina que irá abandonar, até o momento do adeus. Todas aquelas pessoas com que você passou (EU PASSEI) conversando durante tardes e mais tardes dos anos, às vezes esquecendo de algumas obrigações, ou mesmo conversando nas obrigações; num momento estão rindo (ou chorando) com você, no outro são as lembranças. Eu sei que um dia irei reencontrar algumas dessas pessoas, mas infelizmente não será a mesma coisa, e eu tenho consciência disso. Mas a prova de que eu amo essas pessoas está no fato de que não as esquecerei, farei questão de lembrar delas todos os dias, mesmo que eu tenha que sofrer com a saudade delas todos os dias. Então, farei com que cada momento seja único, até mesmo os mais tediosos, os mais felizes, os mais tristes, os mais engraçados, todos.

Então, precisamos arriscar naquilo que queremos. Oscar Wilde já dizia que o único jeito de se livrar das tentações é se jogar nelas.
Nem todos os momentos serão legais, mas um dia todos iremos lembrar deles, e acharemos eles bons!
E por fim, uma filosofia que eu vou tentar agregar a minha vida aos poucos: é melhor uma vida curta e intensa do que uma vida longa e parada.

A plenitude do vazio

Posted: terça-feira, 17 de maio de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas:
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O texto a seguir foi escrito pela minha amiga e professora de inglês Priscila Seabra, que é dona dos blogs Ex-Duco e Através do monitor. E o texto dela inaugura a minha ideia de publicar textos dos meus amigos. Comentem depois!



Ecos do silêncio retumbam, trovejam, ensurdecem os ouvidos distraídos da alma.O que não há inunda o peito, devasta cidades. O que inexiste atropela, massacra, mata o que houver de vivo sem pedir licença.
A falta que abunda é essa que dilacera. A ausência de repente se apresenta cruelmente presente, valente, quente e mente que sente muito.
Sente pouco.
Sente nada.
Vadia.