O dia em que eu vi que estava errado (e fiquei feliz por isso)

Posted: quinta-feira, 23 de junho de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , ,
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Ontem aconteceu uma coisa muito importante em minha vida. Tudo começou quando eu e meus amigos combinamos de irmos todos juntos para o show de Zé Ramalho aqui em Assú, um show aberto e tudo mais. São João e tal. Decidi que iria para passar (mais) alguns momentos com eles e também porque já tinha ouvido falar bem do cara. Enfim, chegamos no local pouco depois das onze da noite, eu um pouco cético com a coisa toda; minhas vivências com o São João de Assú foram desagradáveis, pessoas bebendo, música ruim, a decadência humana perante os meus olhos.
Entretanto, ontem tudo foi totalmente diferente pra mim. Pela primeira vez na vida, vi alguém com uma música de verdade cantar naquele lugar. Um parêntese: anualmente, no período de São João, há shows de várias bandas, cantores, etc. todos os dias, shows abertos para todo mundo, embora ainda haja os camarotes. Todo o meu ceticismo foi pelo ralo quando Zé Ramalho começou a cantar. Eu não conhecia nenhuma música dele em específico. Já tinha ouvido um ou outro refrão na vida, mas sem saber que era dele, muito menos saber o título da música. Então tudo seria mais contemplativo, eu pararia para ouvir a música com enorme atenção, para perder o mínimo possível.
Foi um pouco tenso estar ali´num show ouvindo uma música pela primeira vez, mas eu viajei naquele timbre de voz. E que timbre! Ele cantava com um vigor impressionante, um punk nordestino (rs), acompanhado por instrumentais a la Bob Dylan. Foi exatamente isso que eu ouvi ontem/hoje (a festa terminou aproximadamente a 1 da madrugada). Um verdadeiro forró, e não apenas isso, tinha algo diferente ali (talvez tenha sido o tal "punk nordestino" de que falei agora há pouco).
Após o show, eu e alguns amigos fomos no parque de diversões. Voltamos logo depois para onde estávamos. Uma banda com um som daqueles que eu repudio tava tocando. Começou a ficar chato e entediante. Sintomas: eu iria ficar olhando a hora a cada minuto, torcendo sonhadoramente para já estar tarde o suficiente. E já estava: eram 2 da manhã quando fui embora, mas o resto do pessoal ficou lá.
Sair naquele momento foi importante, pois se eu continuasse ali, toda a diversão anterior não teria valor, mais uma noite desagradável em minha vida. Saí de lá com a alma lavada,, bastante feliz e alegre, e com a certeza de que eu não era mais o mesmo, de alguma forma.