Orgulho alheio

Posted: sexta-feira, 25 de março de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , , ,
1

Hoje à tarde meu orgulho alheio simplesmente atingiu níveis que eu nunca imaginei que seriam alcançados. Sabe quando pessoas que você admira lhe põe um sorriso de ponta a ponta por algo que eles próprios fizeram? Isso aconteceu comigo hoje. Não é uma simples questão de prestigiar o trabalho alheio, é se sentir orgulhoso por algo que outras pessoas fizeram, é saber que você tá no meio daquela coisa toda, é você estar vivenciando isso,  vendo e vivendo toda essa gana pelo conhecimento, pelo aprendizado, pela descoberta.

Vamos situar toda essa minha euforia: hoje ocorreu no IFRN - Campus Ipanguaçu, o Seminário de Iniciação Científica, onde os alunos apresentaram seus projetos, pesquisas e tal. Uma coisa bem informal, destinada aos alunos novatos, com o objetivo de apresentar a eles a pesquisa do campus. Como eu adoro estar no meio desse mundo, fui assistir as apresentações no turno vespertino, que foi justamente o turno em que meus amigos apresentaram suas pesquisas e projetos.

Um dos grandes receios era que a coisa ficasse um tanto tediosa, pois muita coisa era bem científica e poderia soar estranha ao público, seja o público-alvo ou os "intrometidos". Mas que nada! Foi tudo muito bem descontraído, com excelentes, eu repito, EXCELENTES projetos, e uma galera atenta e principalmente, instigada. Poucas vezes presenciei algo como aquilo. Não que eu tenha ficado perplexo com essa participação toda, mas convenhamos que, quando você está acostumado a apresentar trabalhos para pessoas que nem sempre prestam atenção naquilo que você faz, a reação não é nem de espanto, é de euforia, pelo menos no meu caso. E olhe que eu nem apresentei, infelizmente (não tinha muita ideia pra falar ali, e se eu fosse apresentar uma porcaria, que provavelmente seria o resultado disso, a galera ia logo se desinteressar por aquele momento). Imagine se eu tivesse apresentado; tinha dado pulos de alegria. "Alguém se importa com meu trabalho!!!!!!!"
Agora acho que agora dá pra entender!

Por fim, meus parabéns a todos esses alunos que na tarde de hoje mostraram do que somos capazes, mostraram o que está acontecendo na nossa escola, além de aprender conceitos. Meus parabéns aos alunos que foram prestigiar todos aqueles trabalhos, porque ficar à tarde num sexta-feira é pra lá de cansativo (acreditem, eu sei como é); espero que tenham se sentido instigados do mesmo jeito que eu. Parabéns aos orientadores, que instruíram seus alunos da melhor maneira possível, proporcionando esses resultados fantásticos, mesmo com todas as dificuldades e perrengues. Parabéns aos responsáveis por esse momento, ele com certeza não foi em vão, e com certeza essas horinhas mudaram vidas.
O trabalho de todas essas pessoas é vital pra tudo isso que tá acontecendo naquele lugar praticamente desconhecido.

VIVA A PESQUISA...



P.S.: Agora, por favor, me deixa mergulhar de cabeça nesse mundo porque assistir é massa, mas desenvolver, é P-H-O-D-A!

O imperador

Posted: terça-feira, 22 de março de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , ,
0

A seguir, uma resenha sobre o filme "O Clube do Imperador", que um professor pediu para a minha turma fazer:
/////////////////////////////////

O filme “O Clube do Imperador” narra a história de William Hundert, professor de história da Antiguidade Clássica da Escola para Rapazes Sin Benedict, onde ele ensina aos seus alunos não apenas fatos históricos, mas transmite a eles a ética, os princípios, enfim, a filosofia dos grandes pensadores greco-romanos, no intuito de moldar a personalidade deles, formando assim homens de caráter. 
No entanto, o professor se vê contrariado pelo mais novo aluno, Sedgewick Bell, que ignora todos os ensinamentos do professor. O professor, vendo-se diante desse mais novo desafio, decide ajudar Sedgewick a entrar na competição anual que ocorre na escola sobre história greco-romana, “Clube do Imperador”. Acreditando no potencial de Sedgewick, Hundert chega a burlar a regra da imparcialidade, desclassificando outro aluno, Martin, para dar oportunidade a Sedgewick, e passar seus ensinamentos ao garoto “rebelde”. 
Hundert, entretanto, percebe que cometeu um erro ao dar a vaga ao jovem, pois o mesmo colou no concurso, desacreditando ser capaz de disputar com os outros garotos. Ao mesmo tempo, Hundert descobre que por trás daquilo havia também um jogo de poder, pois ao comunicar a trapaça de Sedgewick ao diretor, este lhe ordena que prossiga com a disputa. Isso acontece porque o pais de Sedgewick é um representante político e consegue “comprar” o diretor. Anos mais tarde, Hundert é convidado pelo próprio Sedgewick – que se tornara presidente de uma grande rede de indústrias (25 anos haviam se passado) – para uma revanche com os mesmo competidores. Hundert novamente se decepciona com seu “pupilo”, que mais uma vez usa de métodos desonestos para alcançar a vitória, o que na verdade foi apenas uma desculpa/oportunidade para apresentar sua campanha ao senado. 
Hundert então se dá conta de que fracassou com Sedgewick, onde declara que “o fim depende do começo”. Nesse ponto, percebemos o quão importante é o trabalho de um professor na formação ética e moral do indivíduo, pois irão transmitir seus valores e princípios aos alunos, e não apenas chegar à sala de aula e apresentar fórmulas matemáticas prontas, regras gramaticais, etc. 
Infelizmente essa idéia tem sido deixada de lado, pois o que está, digamos, em voga no momento é a preparação dos estudantes para o vestibular, para formar profissionais técnicos com a função de atender a demanda do mercado de trabalho, sem nenhuma preocupação com os efeitos e conseqüências de toda essa falta de princípios. Algo que pode ocorrer é o mesmo é o mesmo que aconteceu com Sedgewick, um homem sem nenhum princípio, moral ou ética, desmerecendo o trabalho de seu antigo professor. 
Ou seja, por mais que as pessoas sejam imperfeitas, o trabalho de um professor é imprescindível na formação do aluno. Os mesmos esperam, mesmo que não percebam, que o professor os instiguem, ajude-os a trilhar um longo percurso. Não é possível ensinar ética e moral, mas assas duas coisas devem estar presentes nas atitudes diárias, até mesmo corriqueiras.

Adolescência. Adolescência na biblioteca.

Posted: quinta-feira, 17 de março de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , ,
0

Eis a seguir um trecho de um livro do Bukowski que eu estou lendo, "Misto-quente":


"Descobri a Biblioteca Pública de La Cienega. Fiz um cartão de registro. A biblioteca ficava próxima à velha igreja descendo a West Adams. Era uma biblioteca bastante pequena e havia apenas uma bibliotecária trabalhando lá. Era classuda. Devia ter uns 38 anos, mas seus cabelos eram completamente brancos, presos num coque na altura do pescoço. Seu nariz era afilado, e ela tinha olhos de um verde profundo por trás dos óculos sem aros. Eu sentia que ela sabia tudo.
Eu caminhava pela biblioteca à procura de livros. Tirava-os das estantes, um a um. Mas todos não passavam de truques baratos. Eram de uma tolice sem fim. Páginas e mais páginas de palavras que não diziam nada. Ou, se diziam, levavam tempo demais para dizê-lo, e quando o faziam você já estava cansado demais para que tivesse importância. Tentei livro após livro. Claro, entre todos aqueles livros tinha que haver um.
Todo dia eu caminhava até a biblioteca seguindo a Adams e a La Brea e lá estava a minha bibliotecária: austera e infalível e silenciosa. Seguia retirando os livros das estantes. O primeiro livro de verdade que encontrei era de um sujeito chamado Upton Sinclair. Suas frases eram simples, e ele falava com raiva. Escrevia com raiva. Escrevia sobre as penitenciárias imundas de Chicago. Ele não fazia rodeios, dizia as coisas claramente. Então descobri outro autor. Seu nome era Sinclair Lewis. E o livro se chamava Rua principal. Ele descascava as camadas de hipocrisia que cobriam as pessoas. Parecia apenas que lhe faltava paixão.
Eu voltava para buscar mais. Lia um livro por noite.
Um dia, zanzando pela biblioteca, lançando uns olhares furtivos para minha bibliotecária, me deparei com um livro cujo título era Bow Down to Wood and Stone¹. Agora sim, esse era bom, porque isso era algo que todos fazíamos. Finalmente, algum fogo! Abri o livro. Era de Josephine Lawrence. Uma mulher. Tudo bem. Qualquer um pode adquirir cultura. Folheei as páginas. Mas eram iguais às dos outros livros: efeminadas, obscuras, tediosas. Coloquei o livro no lugar. E enquanto minha mão estava ali, peguei o livro mais próximo. Era de outro Lawrence. Abri o livro aleatoriamente e comecei a ler. Era sobre um homem ao piano. Num primeiro momento, como pareceu falso! Mas segui lendo. O homem ao piano estava perturbado. Sua mente dizia coisas. Coisas obscuras e curiosas. As frases na página estavam bem comprimidas, como um homem gritando, mas não como 'Joe, cadê você?'. Era mais como 'Joe, onde estão as coisas?' Esse era o Lawrence das frases comprimidas e sangrentas. Nunca tinha ouvido falar dele. Por que o segredo? Por que ele não era divulgado?
Eu lia um livro por dia. Li todo o D. H. Lawrence disponível na biblioteca. Minha bibliotecária começou a me olhar de modo estranho quando eu retirava os livros.
- Como você está hoje? - ela perguntava.
Aquilo sempre soava maravilhosamente bem. Era como se eu já tivesse ido para a cama com ela. Li todos os livros do D. H.. E eles me levaram a outros. A H. D., a poetisa. E a Huxley, o mais jovem dos Huxley, amigo de Lawrence. Todos vieram correndo até mim. Cada livro levava ao próximo.
Dos Passos veio na seqüência. Não era dos melhores, de fato, mas bom o suficiente. Sua trilogia sobre os Estados Unidos tomou mais de um dia para ser lida. Dreiser não me disse nada. Sherwood Anderson, sim. E então veio Hemingway. Que emoção! Ele sabia como escrever uma frase. Era um prazer. As palavras não eram tolas, as palavras eram coisas que podiam fazer sua mente zunir. Se você as lesse e deixasse que sua mágica operasse, era possível viver sem dor, sem esperança, independente do que pudesse lhe acontecer.

Mas de volta ao lar...
- LUZES APAGADAS! - gritava meu pai.
Agora eu estava lendo os russos, lendo Turguêniev e Górki. A regra de meu pai era que todas as luzes fossem apagadas até as oito da noite. Ele queria dormir para que pudesse estar bem disposto e pronto para o trabalho no dia seguinte. O único assunto de suas conversas em casa era "o trabalho". Falava de seu "trabalho" para minha mãe desde o momento em que entrava pela porta ao entardecer até a hora em que os dois iam dormir. Ele estava determinado a conseguir uma promoção.
- Tudo bem, chega desses malditos livros! Luzes apagadas!
Para mim, esses homens que haviam entrado em minha vida, vindos de lugar nenhum, eram minha única chance. Eram as únicas vozes que falavam comigo.
- Tudo bem - eu respondia.
Então eu pegava minha luz de cabeceira, me arrastava para debaixo das cobertas, puxava o travesseiro ali para baixo e lia cada novo livro, apoiando-o no travesseiro, sob as cobertas.
Ficava muito quente ali embaixo, a lâmpada esquentava, e eu sentia dificuldade em respirar. Era obrigado a erguer as cobertas para respirar.
- O que é isso? Estou vendo uma luz? Henry, sua luz está apagada?
Eu fechava rapidamente meu casulo e esperava pelo ronco do meu pai.
Turguêniev era um sujeito muito sério, mas ele podia me levar ao riso porque encontrar uma verdade pela primeira vez pode ser uma experiência muito divertida. Quando a verdade de outra pessoa fecha com a sua, e parece que aquilo foi escrito só para você, é maravilhoso.
Lia meus livros à noite, desse jeito, debaixo das cobertas com a lâmpada superaquecida. Lia todas aquelas belas frases enquanto me sufocava. Era mágico.

E meu pai tinha encontrado um emprego, e isso era mágico para ele..."

Eu já estou na metade do livro. Ele está cada dia melhor, e tem me deixado de boca aberta e sem ar, me comoveu por completo já! Recomendo a leitura.

¹ "Curvando-se diante da madeira e da pedra". Livro de 1938, não publicado no Brasil

Para o nonsense e avante...

Posted: domingo, 13 de março de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , ,
1

(Atenção: os relatos a seguir podem não condizer exatamente com a realidade, são apenas resquícios de memórias noturnas e sem noção. Se você não está a fim de ler informações que não são plenamente concisas, saia imediatamente. Caso contrário, aí é com você...)

Eu precisava contar minha situação recente e ocasional para vocês, porque esses relatos não são muito confiáveis e compreensíveis no mundo lá fora, só têm espaço no mundo virtual, administrado por mim. Bem, vamos lá, isso são apenas rapsódias e portanto não há motivo para eu ficar enchendo linguiça.
Ultimamente tenho tido uns sonhos muito esquisitos. Totalmente sem noção. Coisas que nunca aconteceriam, nem na imaginação mais fértil do mundo, nem num filme surreal, nem naqueles programas de humor nonsense. Mas que têm sido frequentes na minha "Dream Land". Ali é perfeitamente normal ocorrerem coisas daquela natureza, é onde nem as ideias mais criativas reinam. E pior: algumas coisas não têm NENHUM relação como mundo real. Não dizem que o que você sonha é porque aconteceu alguma coisa no mundo real que despertou isso; alguma coisa a que seu sonho está intimamente ligado? Pois é. Às vezes isso ocorre, às vezes não. Como por exemplo, no meu aniversário, que eu sonhei que duas amigas minhas conversavam no sofá da minha casa, só que a voz delas travavam, igual a quando um CD trava e fica na mesma sílaba. Vai entender...

Não é uma coisa com a qual eu me preocupe, ou muito menos me incomode; pelo contrário: torço para que isso ocorra com mais frequência. Não é que eu seja um surrealista desmedido, não, eu tenho limites para isso, a questão é que eu desejo isso belo bem estar da minha sanidade mental. Se esses sonhos deixarem de surgir, eu vou enlouquecer, e no sentido literal da coisa. Também não é aqueles discursos clichês, "ah, eu preciso fugir da realidade, porque ela está horrível nos últimos tempos". É coisa séria. São os únicos momentos em que eu posso "deixar" - sim, entre aspas mesmo, pois eu não tenho controle sobre isso, felizmente! - minha imaginação correr solta, sem interferências, sem ninguém me criticando ou condenando, sem culpa.

No post anterior, eu falei sobre (o meu) minimundo, que é inacessível, só meu e tal. O mundo dos sonhos é provavelmente um dos lugares mais escondidos desse lugar, onde só entra qum eu permito. Ali não tem que invada. Só entra com o meu "passe". As coisas são assim.


E que minhas noites de son(h)o sejam cada dia mais sem noção...

Minimundo

Posted: quarta-feira, 9 de março de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , , ,
1

Minimundo. Etimologicamente: um mundo numa versão menor. De acordo com a teoria de sistemas de informação, uma coletânea de dados no computador que representam implicitamente o mundo real. E minha definição, não conta? No mundo real não conta. É que minha definição de minimundo só existe no MEU minimundo. Uma coisa criada para si mesma. A minha definição não está "aqui" para atender anseios da ciência, apenas os meus, apenas tentar explicar ao mundo que mundo é esse em que vivo - mesmo que da forma mais abstrata possível.
O mundo lá fora? Ele existe sim, meu corpo está nele. A todo instante, aliás. Felizmente, existe algo que permite que meu corpo permaneça nesse mundo. Apenas meu corpo. E minha mente habite em meu minimundo. Sem que ambos se separem. Sem que eu tenha que receber a visita daquela senhora vestindo a última moda do coturno. Gosto desse possibilidade; e enquanto não receber essa visita, não abro mão de investigar as rapsódias desse mundo estranho e minimalista.
Se é assim que os outros desejam considerar, que eu seja egoísta. Porque eu não tenho mais saco para antender as expectativas do mundo. Já é difícil atender minhas criações, imagine a dos outros! Seria totalmente desgastante. Mas reconheço que há pessoas que merecem. O difícil é definir as pessoas dignas desse merecimento. Quais quesitos avaliar em cada. Poderia começar por aqueles que entendem O PORQUÊ do meu minimundo - só o porquê, porque exigir conhecê-lo é covardia. Seria ótimo não? Mas, se eu tô no meu minimundo, e não no mundo lá fora, que vai entender? E quem vai buscar, hein? Está tudo em jogo. Os livros, os sites, o que for. Está tudo lá. Só não vou dizer a página; quem quiser que vá atrás. E pra completar: esse 'livro' não vem com sumário, ou índice remissivo; então o indivíduo vai ter que ler o livro todinho pra tentar compreender e saber onde está o minimundo. Essas são as minhs regras. Nem se você as cumprir, você vai ter acesso total a esse meu espaço. Nem eu consigo/me atrevo a observar todo ele, imagine você, intruso.
O irritante é quando eu quero ir pro meu minimundo, e fica alguém me cercando no mundo lá fora. Aí entrar em lá de vez não dá, podem invadir meu minimundo, e isso é proibido.

É assim que as coisas (me) são.


P.S.: No meu minimundo não existe voz, apenas as palavras escritas. Voz é para o mundo lá fora.