O futuro começa devagar

Posted: sexta-feira, 20 de janeiro de 2012 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , ,
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Tava qui pensando em como começar esse texto, e aí me veio à pergunta-chave: por onde começar? No mundo em que estamos hoje, fazer(-se) uma pergunta dessa é de extrema importância. Chega ser até mesmo algo vital, necessário para se respirar. Start! Todos sabemos que vivemos num infeliz, cruel e desumano circulo vicioso de desumanidade, infelicidade e crueldade, e parece não existir um começo para a mudança. Se não há nem fim do túnel, quem dirá luz neste!

Não vou nem comentar a culpa disso tudo. Isso todos sabemos. O que importa no momento é como reverter toda essa situação. Minha mente está um tanto destruída, e eu não me importo. Só me interessa consertá-la, e nada mais.
E sabem de uma coisa? Já que a ordem é mudar o mundo, eu ouso começar acreditando que pode ser mudado. Acredito que eu dei o primeiro passo, agora é só esperar o momento certo de dar os próximos. Mas se nem todos ou mesmo ninguém concordar com isso, não faz mal. Não me importo. "You can blow what's left my right mind (I don't mind)".
Acredito que não podemos desistir de chegar onde queremos; nunca. E não venho aqui invocar aquele discurso clichê de lutar por nossos sonhos, porque isso é obrigação de todos. Me refiro a não desistir das coisas, das pessoas. Das pessoas principalmente. Não desistir de acreditar que alguém lhe dá bom dia pelo simples e belo fato de alguém realmente lhe desejar um bom dia. Ou uma boa tarde. Não desistir de acreditar que algum desconhecido fala com você apenas para lhe fazer uma pergunta, tirar alguma dúvida, descobrir porque afinal de contas entrou naquela fila quilométrica de atendimento no banco, e não para tirar alguma vantagem ou te tapear. São coisas assim que precisamos acreditar. Sei que é difícil e demorado; é por isso que existem as décadas e os séculos, para acomodar a mudança.
Falo de silêncio? De jeito nenhum. Precisamos falar, mais do que nunca, nesses tempos de redes sociais, 140 caracteres e mais uma infinidade de coisas. Abramos nossas bocas e falemos para o mundo! O tempo existe para acomodar a mudança; a voz para começá-la, realizá-la, concretizá-la de fato. Não venho desmerecer as redes sociais; de forma alguma. Sou fã assumido delas. São essenciais hoje em dias, levam nossa voz para qualquer parte do mundo. Acredito que é uma questão de saber usar. Só isso.
O mundo é ruim? É. O mundo precisa mudar? Precisa. Mudar é difícil? E como. Mas a mudança precisa começar por algum lugar. O mundo precisa deixar de ser um círculo. Ou pelo menos o que acontece nele. Let's start, humans!

Em tempo: como diria o The Kills:
"Eu nunca vou desistir de você
Se algum dia eu desistir de você meu coração certamente falhará"



Auto-mutilação em Bukowski

Posted: segunda-feira, 2 de janeiro de 2012 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: , , , ,
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Trecho de “Mulheres”, do Bukowski:

Andava, andava e me sentia cada vez pior. Talvez porque eu ainda estivesse lá, ao invés de voltar pra casa. Eu estava prolongando a agonia. Que espécie de merda era eu? Um sujeito capaz de armar jogadas bem malévolas e alucinadas. E qual a razão? Será que eu estava querendo me vingar de alguma coisa? Até quando eu ia ficar dizendo que era apenas uma pesquisa, um simples estudo sobre as mulheres? Eu estava era deixando as coisas acontecerem sem me importar muito com elas. Eu não tinha nenhum consideração por nada além do meu prazerzinho barato e egoísta. Eu parecia um ginasiano mimado. Eu era pior que qualquer puta; uma puta só toma o seu dinheiro, nada mais. Eu bagunçava vidas e almas como se fossem brinquedos. Como é que eu ainda me considerava um homem? Como é que eu ainda escrevia poemas? Eu era feito de quê, afinal? Eu era um marquês de Sade pangaré, sem o gênio dele. Qualquer assassino era mais sincero e honesto que eu. Ou um estuprador. Não queria botar minha alma em jogo, não queria vê-la exposta a deboches, sacanagens. Sabia muito bem disso tudo. Eu não prestava, essa era a verdade. Podia sentir isso, andando de lá pra cá no tapete. Não prestava. E o pior é que eu passava pelo contrário do que era: um bom sujeito. Eu entrava na vida dos outros porque eles confiavam em mim. Eu aprontava as minhas cagadas com a maior facilidade. Eu estava escrevendo A história de amor de uma hiena.
Parei no meio da sala, surpreso comigo mesmo. Depois, quando dei por mim, estava sentado na beira da cama, chorando. Podia tocar as lágrimas com os dedos. Meu cérebro turbilhonava, embora eu estivesse lúcido. Não conseguia entender o que acontecia comigo.