O Retorno

Posted: quarta-feira, 16 de novembro de 2011 by Luis Tertulino in Loucuras usadas: ,
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Fim de tarde. Hora de retornar ao lar. Hora de ter o tão esperado descanso.
Um ônibus nem tão lotado, onde todos conversam, e eu fico em silêncio. Eu fico em silêncio com a cara na janela, olhando a vegetação arruinada; olhando pro nada, sem procurar por alguma coisa; sem procurar alguém conhecido nas poucas casas que aparecem no caminho.
E há tantas luzes, muitas luzes. Já escureceu. E para esse momento servem as luzes: para iluminar a cidade que se também começa a se recolher aos seus lares - claro que nem toda a cidade: essa ainda vai ferver por alguma horas. No alto de algum lugar, vendo as várias luzes da cidade. E como elas brilham! Um grande cobertor dourado. Eu não vejo nada ou ninguém, só aquele ouro brilhante, revelando toda a noite; iluminando toda um fim de dia.
E ainda nos últimos resquícios de pôr-do-sol, uma estrela brota como uma espinha no céu - tão chamativa! Ela provavelmente não me leva a lugar algum; ela com certeza não indica o caminho da salvação da humanidade, mas ela sempre estará ali. O que não quer dizer que isso signifique alguma coisa. Ela apenas está ali, como todas as outras estrelas, brilhando, até o dia da sua morte, até o dia da escuridão.
E todos os dias esse cobertor estará brilhando a ouro; todos os dias aquela "espinha brilhante" estará lá no céu; e todos os dias eu voltarei para casa, com a cabeça recostada na janela de vidro do ônibus, vendo todo esse cenário.